José da Procura Incessante de Tacho
entrevista, em absoluta
exclusividade,
António Andróide da Nação
Após
uma ausência de três anos, período em que se relegou para o limbo do silêncio e
do ascetismo, António Andróide da Nação (AAN) volta ao nosso convívio, despojado
de artifícios e com a mais límpida das intenções: escrever, para que a língua
portuguesa mantenha a sua chama e o seu cânone. José da Procura Incessante de
Tacho (JPIT) foi ao seu encontro na Praia da Oura, onde AAN passa os dias a
olhar para o mar, escrevendo uma linha agora e outra adiante, a intervalos
irregulares. Revela-nos que o tempo começa a correr de modo menos célere com o
passar dos anos. Há uma entranhada sabedoria nos seus mais pequenos gestos. Tem
um olhar sereno, muito diferente do brilho demoníaco de outrora. Fala
pausadamente e com segurança. Longe vão as exaltações das explosões mentais e
das demolições intelectuais, sabendo, no entanto, que muita coisa continua por
demolir. É um homem retemperado e amadurecido. Manteve a sua paixão pelo vinho
tinto de castas lusitanas e prossegue na demanda de um novo ideário para
Portugal. Reafirma, no seu quotidiano, que resistir é vencer. É um solitário
que, regra geral, não se sente só. Prescinde de companhia, por acreditar que
somente nos monólogos consegue ter conversas inteligentes. Nunca deu entrevistas
por esse mesmo motivo. Mas confessa que é gratificante, por vezes, ser ouvido.
Agora foi obrigado, pelo nosso editor, a abrir a porta do seu templo. Coisas da
vida.
JPIT – Conte-nos um pouco do seu percurso desde os
primórdios da sua conturbada actividade, supondo eu que escrever desalmadamente
implique um estado alterado, um misto de tempestade mental e inspiração, e a sua
concretização consequente...
AAN – Creio bem que terá sido no ano de
1986, que surgi no mundo real, pela mão de Nuno Elmano. Publiquei, em Maio desse
ano, um poema pró-niilista intitulado: Dedicatória. Foi uma hecatombe em termos
de impacto cultural. Nunca ninguém se atrevera a desancar a realidade, de tal
modo, em Portugal. A edição pirata - apenas trezentos exemplares, passou
despercebida ao grande público, tendo, no entanto, irritado sobremaneira os
ilustríssimos e caquécticos senhores que decidem o que é culturalmente aceitável
ou não. Mas também, quem quer aproveitar a aprovação grotesca do grande público
ou dos atrofiados eruditos da inquisição intelectual? Apenas os mercadores, não?
Além disso, nunca me preocupei com a opinião pública: a ideia que façam de tudo,
ou mesmo de mim, é somente um erro que me é alheio.
Em 1994, o Elmano
mobilizou-me para um novo projecto: o SULturas. Aceitei de bom grado. Foram anos
intensos, mas muito pouco satisfatórios em termos de afirmação. Quem se divertiu
imenso foi o Nikon Flash de Absinto – as gajas adoram posar para as máquinas
fotográficas. (risos) A fórmula do pasquim era demasiado popular. Mas tal como o
Elmano me explicou: “Temos de comer todos os dias, este é o lema interno do
pasquim”. Esteve, no entanto, sempre adjacente na filosofia da publicação, o
cultivar de algo mais do que um humor pobre e simplista. O sarcasmo, aliado a
uma ironia cáustica, foi a nossa arma predilecta. O Elmano nunca teve o ensejo
de meter mãos a uma obra consistente. Primeiro, por ter, assumidamente, falta de
método; segundo, por ser um descrente relativamente a obras de volume, ou
literatura a quilo, tendo criado, para efeitos de combate a essa gordura da
produção da mente, o conceito de escritor avulso. Também eu confesso não ter
pachorra para certas merdas de peso que se editam.
Contudo, viria a ser no
SULturas, em 1999, que escrevi a melhor peça jornalístico-visionária do fim do
mundo - Apocalipse. Foi um furor. É pena que o mundo não tenha acabado mesmo,
pois teria tido uma carreira brilhante à minha frente. Enfim...
(risos)
JPIT – Como vê o Portugal de hoje? Ainda acredita estar a
nação predestinada para grandes desígnios, tal como defendia no seu
passado?
AAN – A pátria está “apimbalhada” em todas as frentes. A
juventude está anestesiada. O maior horror é ver os próprios jovens imberbes com
atitudes de javardos, tidas à imagem dos ocos e toscos seres que mitificam e
idolatram. Há saloiice em barda na política e mediocridade impregnada na alegada
cultura e ninguém tem os badamecos no sítio para transformar a alarvidade
social. É um triste momento histórico, este em que vivemos. As elites
moribundas, umbilicais e desinteressadas – e não falando da incultura de que
são, actualmente, detentoras, já nem se preocupam em estupidificar, moldar ou
amansar as massas. Deixou de ser necessário. Estas tratam de si próprias,
mutilando-se mentalmente, com o acervo de imbecilidades que consomem
desenfreadamente. O povinho tornou-se boçal e comezinho, porque não prescinde da
sua teimosa ignorância crassa, sendo o seu conceito de evolução apenas bancário.
A sua divisa: inveja, ganância e desrespeito. E esse povinho já frequenta os
circuitos do poder. A par do recrudescer da estupidez, vem o assentar arraiais
da sacana da esperteza saloia. A chusma de energúmenos que enchem os estádios,
os centros comerciais e dão audiências às lobotomias televisivas, é a mesma
turba que, no quotidiano, está pronta a enganar, sacar, corromper, cometer
atrocidades, crucificar terceiros e sabe-se lá o quê mais. É medonho. É reles. É
atroz. Portugal embrutece, envelhece e nunca mais acontece.
JPIT – E
como encara a actual situação económica do país?
AAN – É o somatório
de várias misérias. O corolário da saloiice e da mediocridade que já citei, mas
desta feita, também aplicado à classe empresarial – incompetente, obsoleta e
brutal (tirando as honrosas excepções). Mas a classe trabalhadora também tem
culpas no cartório (tirando, mais uma vez, as honrosas excepções). A mentalidade
do “deixa andar” e do empregozinho tipo funcionalismo público, ainda enraizada,
atrasa e emperra todo o processo de produtividade. Em Portugal, tal como já
alguém o disse, não se faz, faz-se de conta. E isto está entranhado em todos os
processos das múltiplas actividades. A actual clivagem dos estratos sociais é
uma aberração. O abismo, em crescendo, entre ricos e pobres, advem, não da
transferência do dinheiro de antigos e conservadores para anónimos e modernaços
– o que por si só, já é horroroso o bastante, mas da permissividade económica e
do capitalismo financeiro, que os bastardos dos liberais promovem, os quais
engendram lucros descomunais e fáceis, a troco de quase nenhuma produção, não se
gerando, como é óbvio, uma distribuição de riqueza. Daí o desemprego e o mirrar.
Portugal já não tem muito de seu. Os centros de decisão já nem estão por cá.
Adverti, em tempo útil, os microcéfalos do poder central de então, acerca da
salvação do país: o turismo. Esse é o mais valioso astro do nosso firmamento. Um
turismo pensado, planeado e promovido a sério, com campanhas a sério e verbas
mais que sérias. Na Expo98 tivemos um mísero outdoor em Nova Iorque. Pindérico e
humilhante. Terá de ser um turismo assente no património histórico,
arquitectónico, cultural e paisagístico. Não se pode vender apenas o sol e as
praias. Os nuestros hermanos de um simples peido produzem um reluzente marmelo.
Nós deixamos os marmelos apodrecerem. É simplesmente asquerosa e abjecta a
pasmaceira instituída, aliada a um chumbar constante de ideias válidas. Daí o
desencanto de muitos, por sinal os mais lúcidos e empenhados.
JPIT –
Vislumbra soluções, ou antes, tem ideias acerca do desenrolar de todo este
imbróglio nacional, num futuro próximo?
AAN – Numa primeira fase, o
endurecimento do poder político. Já que a razão está ausente, contentemo-nos com
a autoridade – Pedro Abelardo, Séc. XI. (risos) E com esta autoridade, proceder
à aniquilação da corrupção e do “todos-a-mandar” à brava. Tratar de reajustar a
economia às necessidades de todos os portugueses, utilizando, cada vez mais, as
rédeas do Estado. O ressuscitar valores, revitalizar princípios e prosseguir
convicções. Educar tudo e todos. A liberdade é um bem precioso demais para ser
desperdiçado com quem não mereça ou não saiba usufruir.
Posteriormente, que
se crie um projecto exaustivo, pode ser por concurso público (risos), para um
“Portugal a caminho de mil anos de História”. A pátria já foi adiada tempo
demais. Creio bem, que a euforia da Europa retardou o necessário despertar
nacional. A Europa é, para Portugal, um mal geográfico necessário, e ponto!
Deixemo-nos de ambições nesse domínio. Ainda agora vêm a caminho, novos
estados-membros que rapidamente nos poderão ultrapassar. A nossa afirmação terá
de ser efectivada pela diferença. E também numa notória demarcação política.
Porque não um corporativismo pós-moderno? Precisamos de um dealbar pensado em
perfeito e selecto colectivo e executado com escrupuloso rigor. Não se trata de
esperar um Dom Sebastião numa manhã de nevoeiro, trata-se de aclamar novíssimos
“Sebastiões” com dom para novas auroras. O ridículo e o absurdo já tomam conta
de coisas demais na realidade quotidiana, não se pode permitir que o poder e os
seus dignitários sejam também contaminados. Portugal urge.
JPIT –
Falemos agora de si e do seu universo quotidiano. A solidão é algo que o
conforta? Como conjuga essa maneira de estar, com o encanto, ou desencanto, de
encontrar e reencontrar outros?
AAN – Sou humano por mero acaso.
Como tal, sou um observador por excelência. Há toda uma paisagem humana que me
inspira. Mas apenas como protagonistas de um universal enredo que não dominam.
Que ninguém domina, mas não o sabem. Aliás, não o querem saber por medo. O medo
é, sem dúvida, a grande alavanca da civilização. Enfim, é a condição humana.
Apesar disso, no relacionamento com as pessoas, acredito sempre. É mais fácil
assim. Trata-se, como é óbvio, de complacência para com a taralhouquice, ou de
confiança para quem a mereça. Mas não sou brilhante a conviver com quem não
conheça bem. No entanto, impregno esse contacto com calor humano, que é quase
sempre devolvido na mesma medida. Não custa nada minorar a agonia e a dor. Isso
é uma coisa que todos sentem. Mas dou-me essencialmente bem com a solidão. É com
ela que acontece a fabricação de tudo o que melhor nos define. Nesse estar só,
reinventa-se o homem e o mundo. A solidão é o universo do sonho e o sonho do
universo. Estar só, é sentir o universo - já o escrevi. Somente os seres fúteis
não gostam de estar, ocasionalmente, sós. Além disso, todos os actuais circuitos
sociais têm tanto vampirismo latente, com o intuito de transfusão de ideias, que
não há carótida que aguente tanta sucção. Estou só, por questões de
sobrevivência intelectual e de afirmação individual. Por questões de definição
de trajecto. Não sei pactuar com a vulgaridade vigente. Sou exigente demais para
comigo próprio. Daí o ficar quieto tantas vezes. Aguardam-me os anos cruciais de
toda uma vida. Nem mais.
JPIT – É nesse ponto que surge o silêncio,
ao qual por vezes se remete?
AAN – O silêncio é, absolutamente,
muito anterior à comunicação. O silêncio é a religião antes da crença; a poesia
no seu estado puro, o verbo muito antes da palavra. O silêncio é a suprema
linguagem, a sinfonia predilecta dos deuses. E acreditem, vai continuar por cá
muito depois da queda da nossa civilização. Qualquer ser humano esteve calado
desde sempre. De repente nasce... e pronto: está a bazófia barulhenta armada. A
jactância eloquente de alguns ou a prosápia inconsequente de outros, mas sempre
o dizer nada em voz muito alta. É claro que fomos bem castigados. Morre-se e
fica-se calado, outra vez, para sempre. Lindo e silencioso. Pois é.
Pensar é
o maior empreendimento humano, não se pode cingi-lo ao exercício das palavras.
Há muito de intuição na compreensão da vida e do universo. Isso é puramente
intraduzível. Percorre-nos, ou não, na seiva da imaginação e nos fluidos da
apreensão.
No silêncio, como fonte de nascente inesgotável, bebem-se todas as
ideias. O silêncio não é de ouro: é o próprio graal.
JPIT – E como
encara a nova escrita em Portugal?
AAN – Existe?
JPIT –
Bem, seja! E os novos escritores?
AAN – Dos novos escritores sei
pouco. Apeei-me do carrossel das novidades por tédio acumulado. Problema meu,
bem sei. Mas a escrita está a atravessar uma fase de expansão e de alargamento
dos seus escribas. Dos que conheço, há por aí uma rapaziada com pintarola e
estilo que assaz me diverte. Mas são muito poucos. Os restantes, mais valia que
estivessem manietados, ou então, que fosse emitida licença de porte de pena
(risos) apenas para os mais válidos e esforçados. Quanto aos dinossauros,
continuam a sua saga hermética e pesadíssima. Ademais, qualquer tipo que passe
muito tempo a escrever, tal como o meu psiquiatra, deve ter um problema
psicológico grave, ou uma adolescência mal resolvida, tal como o Pedro Paixão
(risos). Há ainda o caso de certa “literatura” que só faz sentido, se algum
sentido tiver, ao ser adaptada para cinema de segunda categoria, convenhamos. A
lamechice pacóvia e a estética barata e berrante é o que mais prolifera.
Modernos? Não me lixem, pá!
JPIT – É então apologista de um universo
da escrita que seja apenas para cultos e eruditos?
AAN - Não de
todo. Até porque a loucura e a criatividade não carecem ser fundamentadas.
Precisam somente de jorrar com naturalidade. Haja talento quanto baste. Hajam
autodidactas com pujança e arreganho. E, é claro, leitores com elasticidade
mental. No entanto, o universo restrito que evocou, sempre existiu e sempre
existirá. Compreendo-o e aceito-o, mas não o sustento porque é cada vez mais
alienígena em oposição à realidade.
JPIT – E como encara o mundo dos
media?
AAN - Hoje em dia padece-se do síndroma do consumo da
comunicação. Mas a maior parte dela não passa de pura bacorada, informação
desnecessária, ou de mero ruído no canal. Pior ainda, trata-se de tudo isto,
mas, somente, com a finalidade de comércio desenfreado e caótico apoiado num
sensacionalismo bacoco que já está institucionalizado.
E no domínio do
entretenimento é o horror supremo. As pessoas vão ficando esvaziadas de paixões
reais e preenchem esse vazio embasbacando-se com a virtualidade fácil da
televisão. As avós já nem fazem filhós. Vêem telenovelas. (risos)
JPIT – Acusam-no frequentemente de ser elitista e de ter uma postura
arrogante. Tem consciência disso?
AAN – É óbvio que sou elitista:
acredito muito precisamente em mim. Defino-me como anarco-totalitário. (risos) E
quanto a arrogância... Bom, tive uma infância feliz e uma juventude
revolucionária e activa que muito me ensinou e fortaleceu, tendo deixado marcas
indeléveis no comportamento ou nos desvios do mesmo. (risos) Posteriormente,
evoluí no sentido diametralmente oposto – a interiorização. Desde então, tenho
gerido a minha liberdade com o devido à-vontade. Não tive qualquer aprendizagem
mafiosa, nem sou detentor de ambição desmesurada. Logo penso que a postura
arrogante virá, inevitavelmente, do aprumo do espírito, da nobreza do carácter,
da franqueza do discurso, da luminosidade do ser, da superioridade do sangue, da
candura da alma, do brilho da mente, da loucura grávida de porvir, do ser
conservador pela preservação da individualidade, da capacidade de amar ou da
incapacidade de aturar bestas, e, muito depois disto tudo, dos motivos que
queiram encontrar. Muito obrigado. (risos)
JPIT – Projectos para o
futuro? Não tem de revelar os secretos... (risos)
AAN – Sonho vir a
escrever, no domínio da ficção, a primeira página mais brilhante e genial jamais
criada. O resto da obra serão trezentas páginas em branco, onde o leitor poderá
participar activamente. Literatura interactiva de última geração. (risos finais)
quarta-feira, 27 de agosto de 2014
terça-feira, 5 de agosto de 2014
ANÙNCIOS CLASSIFICADOS
Não temos de
momento, mas o que quer que pretenda vendemos caro, em grandes quantidades e a
pronto pagamento. Ouse contactar-nos e não seja pindérico. Em qualquer negócio
é bom que uma das partes saiba o que quer.
Alugamos
sentidos de vida fracassados, usados mas em bom estado de utilização, para
utentes ainda tolinhos e encantados com a puta da vidinha em sociedade. Útil
para fins de higiene mental de optimistas. Tratar com o próprio no local e em
dia de depressão.
Arrenda-se
sogra para férias. Aprumada, limpa e boa cozinheira. Não fala em voz alta e
come pouco. Somente para os meses de agosto e setembro. Urgente.
Vende-se
alma em segunda mão. Muito bom estado. Sem máculas nem pecados de monta. Ideal
para beatas assustadas com algum último deslize. Preço de ocasião. Tratar com o
próprio corpo no local.
Cede-se por
motivos óbvios e preço irrisório, pacote de cidadania e nacionalidade
portuguesas. Permuta-se também, no caso de países nórdicos ou Suíça. Aceita-se
ainda regime experimental de usufruto, com promessa de compra e venda, a quem
não saiba o significado de existência subdesenvolvida.
Última hora. Vendem-se acções do espírito santo em nome do pai e do filho. Contactar a angustiada mãe.
sexta-feira, 1 de agosto de 2014
SOLTAS, FRESCAS E DIVERSAS
Estes são os
tempos em que há que ter pena dos ricos. Coitados. Incautos sofrem e impotentes
desmoronam-se. Quanto aos pobres já não há que lhes dar especial atenção ou
nutrir qualquer sentimento de compaixão. Desde sempre que estiveram
constantemente na merda. Não são novidade nem sequer notícia em matéria de
conjuntura económica.
…
É óbvio que
os deuses se riam de nós. Tanto para fazer quando se tem esse tanto para dar e
uma vidinha apenas para isso tudo.
…
Homens os
pensantes. Mulheres as amoráveis. Velhos os tolerantes. Crianças as
suportáveis.
…
Portugal
está modernamente em reunião. Telefona-se para qualquer lado tentando contactar
urgentemente alguém e esse mesmo alguém está sempre em reunião. Como somos
basicamente todos umas sumidades intelectuais, imensos pensadores livres e
detentores de oralidade profícua, imagino a rentabilidade de todas essas
reuniões. Ninguém decide verdadeiramente, ninguém executa consequentemente, mas
todos se reúnem constantemente.
…
Não existem
grandes verdades.
Há sim
pequenas verdades que requerem cuidados diários, para que se mantenham e
floresçam.
…
Não haja
enganos. Tudo é brusco no acontecer de novo. E um filho-da-puta vale tanto como
um génio nesses domínios. Retire-se a moral. Retirem-se os bons costumes.
Coisas que atrapalham também devem ser arredadas. Uma investida é meramente uma
investida. E o universo humano encanta-se com esse dealbar porque é questão de
sangue a borbulhar e vida a acontecer. Notícia fresca. Progressão súbita.
Espanto geral. Pois. Mas fica o valor da acção. Ficam as lições para o futuro
mundo melhor. Fica o mérito para um lado e o opróbrio para o outro. Não haja
enganos também aí.
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