Estes são os
tempos em que há que ter pena dos ricos. Coitados. Incautos sofrem e impotentes
desmoronam-se. Quanto aos pobres já não há que lhes dar especial atenção ou
nutrir qualquer sentimento de compaixão. Desde sempre que estiveram
constantemente na merda. Não são novidade nem sequer notícia em matéria de
conjuntura económica.
…
É óbvio que
os deuses se riam de nós. Tanto para fazer quando se tem esse tanto para dar e
uma vidinha apenas para isso tudo.
…
Homens os
pensantes. Mulheres as amoráveis. Velhos os tolerantes. Crianças as
suportáveis.
…
Portugal
está modernamente em reunião. Telefona-se para qualquer lado tentando contactar
urgentemente alguém e esse mesmo alguém está sempre em reunião. Como somos
basicamente todos umas sumidades intelectuais, imensos pensadores livres e
detentores de oralidade profícua, imagino a rentabilidade de todas essas
reuniões. Ninguém decide verdadeiramente, ninguém executa consequentemente, mas
todos se reúnem constantemente.
…
Não existem
grandes verdades.
Há sim
pequenas verdades que requerem cuidados diários, para que se mantenham e
floresçam.
…
Não haja
enganos. Tudo é brusco no acontecer de novo. E um filho-da-puta vale tanto como
um génio nesses domínios. Retire-se a moral. Retirem-se os bons costumes.
Coisas que atrapalham também devem ser arredadas. Uma investida é meramente uma
investida. E o universo humano encanta-se com esse dealbar porque é questão de
sangue a borbulhar e vida a acontecer. Notícia fresca. Progressão súbita.
Espanto geral. Pois. Mas fica o valor da acção. Ficam as lições para o futuro
mundo melhor. Fica o mérito para um lado e o opróbrio para o outro. Não haja
enganos também aí.
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