ESPELHO
A brusca experiência de olhar para o espelho e encontrar
aquele velho palerma. Retire-se a surpresa e fica-nos a crua medida do ser.
Ali. Em frente. Frente a frente. O que te diz que não saibas? Em que te podes
enganar? Tens o silêncio, é bem certo. Tens tudo o que te queiras dizer.
Finalmente tu mirando todo tu. Acerto de contas há muito adiado. Diálogo surdo
com verdade muda. Realidade confusa do que tens sido tu para contigo. E a
sacana da certeza que afinal até sabes de tudo. Desse aí em frente e portanto de
ti. E afinal isso não chega. Diz pouco, quase nada. Pois em verdade serás sempre
mais versões de ti face a todos, um a um, quantos te conhecem. Bem o sabes. Por
vezes sem supores o que sabem secretamente de ti. Absolve-te ou condena-te.
Depois podes sair da tua frente e voltares para as voltas do mundo. Mas lava a
cara pelo menos…
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